segunda-feira, 27 de abril de 2020

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel


Nicolau Maquiavel, em italiano, Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, nasceu na Cidade Italiana de Florença a 3 de maio de 1469 e morreu igualmente na mesma cidade a 21 de junho de 1527. Foi um Historiador, Poeta. Diplomata, Filósofo e Músico Renascentista. Conhecido por de certa forma ser o fundador do pensamento Político moderno, pelo facto de ter escrito sobre o Estado e o governo, como realmente são e não como deveriam ser, tendo contribuído assim, para o surgimento da Ciência Política, enquanto ciência de estudo. Com 29 anos de idade, ingressou na vida política, exercendo o cargo de secretário da Segunda Chancelaria da República de Florença. Porém, com a restauração da família Médici ao poder, Maquiavel foi afastado da vida pública. Nesta época, passou a dedicar seu tempo e conhecimentos para a produção de obras de análise política e social.
Para se entender melhor a sua obra e as suas ideias, precisamos de saber que a sua importância no estudo da Política está na forma como separou a ética e a política, abandonando as concepções tradicionais herdadas dos gregos, pois, a tradição ocidental, exactamente como a tradição chinesa, ligava tanto a ciência como a actividade política à ética. Aristóteles tinha resumido esta posição quando definiu a política como uma mera  extensão da ética. A tradição ocidental, via a política em termos claros, de certo e errado, justo e injusto, correcto e incorrecto, e assim por diante. Por isso, os termos morais usados para avaliar as acções humanas eram os termos empregues para avaliar as acções políticas. Na verdade, o que Maquiavel fez foi estudar a Política baseado em factos, e não em ideias preconcebidas sobre o que seria uma forma de Política ideal. Desta forma, observamos na sua obra algumas ideias mais práticas, partindo “das condições nas quais se vive e não das condições segundo as quais se deve viver”. Estes novos conceitos por si utilizados, originou inclusive, o aparecimento de novos conceitos e ideias nos intelectuais da época, sempre habituados aos velhos ideais da Grécia antiga. Com os seus novos conceitos sobre a política e a forma de agir, Maquiavel destrui pretensões morais e religiosas. Podendo-se assim dizer que, Maquiavel foi o primeiro a discutir a Política e os fenómenos Sociais nos seus próprios termos sem recurso à ética ou à jurisprudência. Sendo o primeiro pensador ocidental de relevo a aplicar o método científico de Aristóteles e de Averróis à Política. Fê-lo observando os fenómenos políticos, e lendo tudo o que se tinha escrito sobre o assunto, e descrevendo os sistemas políticos nos seus próprios termos. Para Maquiavel, a política era uma única coisa, conquistar e manter o poder ou a autoridade. Tudo o  resto com a religião ou a moral, que era associado à Política, nada tinha haver com este aspecto, excepto nos casos em que a moral e a religião ajudassem à conquista e à manutenção do poder.
No ano de 1513, escreveu a sua obra mais importante e famosa, O Príncipe. Nesta obra, Maquiavel aconselha os governantes como governar e manter o poder absoluto, mesmo que tenha que usar a força militar e fazer inimigos. Esta obra, que tentava resgatar o sentimento cívico do povo italiano, situava-se dentro do contexto do ideal de unificação italiana.  Essa obra seria, na verdade, quase um manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas igualmente novas conquistas. Nas suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre os seus actos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e fracassos de vários reis para ilustrar os seus conselhos e opiniões. Produzindo esta obra com vista à questão da legitimidade e exercício do poder pelo governante, pelo príncipe. A legitimação do poder seria algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom Rei ou bom Príncipe, ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Defendendo a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo. Tentando com as suas considerações e recomendações para os governantes fossem uteis para melhor administrarem os governos, caracterizam assim, uma teoria do Estado moderno. A obra está dividida em 26 capítulos, apresentando o início os tipos de principado existentes e expõe as características de cada um deles. Depois, defende a necessidade do príncipe basear as suas forças em exércitos próprios, não em mercenários e, após tratar do governo propriamente dito e dos motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos, conclui a obra sugerindo que um novo príncipe conquiste e liberte a Itália. Em suma, segundo Nicolau Maquiavel, um individuo quando sobe ao poder tem de ser cruel, pois, as pessoas irão virar-se contra ele com facilidade, a única coisa a fazer é ser forte e, predominar sobre todos, utilizando todos os meios possíveis para permanecer no poder, em que, as falhas do ser humano são erros e não pecados, cortando com a moral, não avaliando assim, a politica pela moral, mas sim pela táctica. É o primeiro a usar o conceito de estado, defendendo que, um Estado tem de ser forte, como sendo um Estado Nacional, queria um estado centralizado e, descurava a monarquia, criticando dessa forma Luís XII, dependendo o Estado da virtude dos cidadãos e, do príncipe, um individuo pode ter virtude, designando por virtude, tudo o que se insere no campo da acção humana consciente, como competência, o talento ou a energia, a sorte sobrepõem-se a todos, mesmo aos virtuosos, mas, a fortuna pode estragar tudo, entendendo fortuna, como tudo o que pertence à necessidade natural e, não pode ser conhecido ou predeterminado, dizendo que, fortuna é inconstante, pode ser negativa ou positiva, pode ser desleal ou leal, pois, é mais seguro ser temido, do que ser amado, contudo não odiado. Com base nesta Obra Nicolau Maquiavel é considerado, o Pai da moderna Teoria Política.
Em função das ideias defendidas no livro, O Príncipe, surge o termo maquiavélico, o termo “maquiavélico” passou a ser usado para aquelas pessoas que praticam actos desleais, até mesmo violentos, para obter vantagens, manipulando as pessoas. Este termo é injustamente atribuído a Maquiavel, pois este sempre defendeu a ética na política. Quando ouvimos dizer que certa pessoa é maquiavélica, deduzimos que o indivíduo referido não mede as consequências para conseguir atingir os seus objetivos. Este facto tem origem no adjetivo em questão, criado a partir do seu nome, Nicolau Maquiavel, significando esperteza, astúcia, aleivosia, maldade.
Nicolau Maquiavel defende a forma de Governo Republicana com uma constituição mista, de acordo com o modelo da República de Roma Antiga. Defende também a necessidade de uma cultura política sem corrupção, pautada por princípios morais e éticos. Mas, acreditava que somente a força de um líder especial poderia criar o um Estado Italiano forte como imaginara. Algum tempo depois, na Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleônicas, com a Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos que surgiam na Europa, gerou uma visão de Maquiavel como nacionalista, disposto a tudo pela união e defesa da Itália, como demonstrado no último capítulo do livro O Príncipe.

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terça-feira, 31 de março de 2020

O Corredor Polaco

O Corredor Polaco foi o nome dado à faixa de terra transferida da Alemanha para a Polónia, no Ano de 1919, pelo Tratado de Versalhes. Um acordo de paz assinado após a Primeira Guerra Mundial e que garantia à Polónia acesso ao mar Báltico. 
A região fizera parte do Reino da Polónia antes de ser anexada à Prússia entre os séculos X e XIV, como igualmente entre 1453 e 1772.
No entanto, a Alemanha nunca aceitou as novas fronteiras. Em 1933, o partido Nazi, sob o comando de Adolf Hitler, assumiu o poder na Alemanha. Nos anos de 1938 e 1939, respectivamente, Áustria e Tchecoslováquia foram conquistadas pela Alemanha. E a 10 de Setembro de 1939 teve início a campanha da Polónia, vencida em duas semanas. As forças armadas alemãs ocuparam a região e todo o território a oeste do rio Bug. A porção situada a leste desse rio passou a pertencer à União Soviética. 
A invasão da Polónia pelo exército nazi de Hitler deu início à Segunda Guerra Mundial. No fim da Segunda Guerra Mundial, aconteceu a Conferência de Potsdam. 
A Conferência de Potsdam, ocorreu em Potsdam, Alemanha, entre 17 Julho e 2 de Agosto de 1945. Os participantes foram os Estados Unidos da América, Reino Unido, França, União Soviética, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha, que  se rendeu incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de Maio. A Conferência de Potsdam, determinou que os territórios do corredor e de Danzig, a leste, que tinha sido ocupada pelos russos, fossem devolvidos à Polónia.

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domingo, 15 de março de 2020

José Saramago

José Saramago, filho e neto de camponeses, o único escritor português a ganhar o Prémio Nobel da literatura em 1998. Foi igualmente galardoado, em 1995, com o Prémio Camões, o prémio literário mais importante da Língua Portuguesa. E, conhecido membro do Partido Comunista Português. Nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922. Indo com os seus pais viver para Lisboa quando tinha apenas 2 anos. 
Sempre demonstrou interesse pelos estudos e pela cultura, tendo feito estudos secundários que, por dificuldades económicas, não pode ir para a universidade. Formou-se numa escola técnica e o seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico. Tendo exercido diversas profissões, como por exemplo, tradutor, editor ou jornalista. Trabalhou numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova e fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político e coordenador do suplemento cultural.
Publicou o seu primeiro livro, um romance,  Terra do Pecado, em 1947, ficando sem publicar até 1966. Apresentou nesse ano ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Passa também a editar poesia, lançando Os Poemas Possíveis e publica mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). No de 1980, entra em definitivo no género romance. Tendo publicado, Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982, O Ano da Morte de Ricardo Reis (1985), A Jangada de Pedra (1986), História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio Sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), A Caverna (2001), O Homem Duplicado(2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), Aviagem do Elefante (2008), Caim (2008) e A claraboia (2009). 
O seu livro, Ensaio sobre a Cegueira, foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles.  
A sua obra, caracterizam-se pela feroz crítica social e política. Revestida em forma de fábulas modernas, escritas numa linguagem praticamente sem pontuação, que obrigam o leitor a uma leitura frenética e cheia de retornos. Muitas vezes apelidado de estilo saramaguiano. Uma a técnica de construção do seu romance que caracteriza toda a sua obra. Onde aborda o seu ateísmo confesso, passando pela importância concedida à mulher ou o carácter humanista e humanitário. Sendo, uma peculiar forma de usar os sinais de pontuação ou outras entropias sintácticas e semânticas.
Diferente forma de narrar o narrável num princípio uniformizador de um estilo literário. No fundo, uma tentativa do autor aproximar a sua escrita à oralidade, ou seja, quando nós falamos, não usamos sinais de pontuação. Fazemos a respectiva respiração. Assim, o ponto e a vírgula, na sua obra pode ser entendido, não como sinais de pontuação, mas sim, como uma pausa, uma pausa breve ou uma pausa longa. Se ouvimos falar, não vemos a pontuação. A escrita de Saramago é para ser  lida e igualmente ser ouvida. Em suma, na oralidade não precisamos de pontuação, falamos como se a pontuação fosse subentendida pelo ouvinte.  
A 29 de Junho de 2007 constitui a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente.  Em 2012 a Fundação José Saramago abre as suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida pela sua mulher María del Pilar del Río Sánchez, jornalista e tradutora espanhola. Que conheceu em 1986 e casando-se, em 1988. Tendo estado ao seu lado até à morte. Em Fevereiro de 1993, decidiu ir viver para a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias.
José Saramago faleceu a 18 de Junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa a 18 de junho de 2011.
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sábado, 7 de março de 2020

Tratado de Lisboa

O Tratado de Lisboa, foi assinado a 13 de Dezembro de 2007, começou por ser um projecto iniciado no ano de 2001, como a 1ª Constituição da União Europeia. No entanto, anos de negociações, retrocessos e avanços sucessivos, levaram a que a UE não adoptasse um texto constitucional, mas sim, um conjunto de leis, directivas gerais, expressas em todos os tratados, que hoje regulam a União
 Sucede que o Tratado de Lisboa, com a sua entrada em vigor a 1 de Dezembro de 2009, alterou a arquitectura institucional da UE, nomeadamente do Parlamento Europeu, fixando o número de deputados e reforçando o mecanismo de decisão ordinário, do Conselho Europeu, reconhecendo-o institucionalmente, e à sua importância, mesmo no delineamento das leis europeias, instituindo Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e a sua forma de nomeação, altera os mecanismos de voto do Conselho, reforça a legitimidade da Comissão, através da votação no Presidente da Comissão. De uma forma geral, o Tratado visou tornar as decisões políticas no seio da UE mais democráticas.
O Tratado de Lisboa realizou, também, diversas alterações ao nível do Tribunal de Justiça da União Europeia, alargando o seu âmbito a todas as actividades da UE (excepto a PESC).
Outras alterações incluíram a reforma dos objectivos principais da UE, assim como dos seus princípios jurídicos, que representaram uma evolução no seu funcionamento e figurando os primeiros princípios de primazia da lei europeia, nas suas declarações anexas, sobre as leis nacionais, a reforma das leis sobre liberdade e segurança comum, transferência de poderes de protecção dos cidadãos e, por fim, clarificando os poderes e competências desta mesma União.
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O Tratado de Tordesilhas


O Tratado de Tordesilhas, foi um Tratado assinado entre Portugal e Espanha no ano de 1494. Que definiu o mundo como hoje o conhecemos e se fale português e castelhano em quase todos os continentes
Com a chegada de Cristóvão Colombo à América em 1492. A Espanha ficou interessada nas suas mais recentes terras descobertas na América e queria proteger essas terras, mais precisamente de Portugal. Assim sendo a Espanha procurou o papa Alexandre VI, que através da Bula Inter Coetera, estabeleceu a posse de todas as terras descobertas a 100 léguas a oeste de Cabo Verde à Espanha. Com este documento, Portugal ficaria sem a possibilidade de ter a posse de territórios na recém-descoberta América e dificultava igualmente as navegações portuguesas no Oceano Atlântico.
Portugal, tal como a Espanha, eram as duas principais potências militares e económicas da época. Portugal e Espanha para evitarem violentos conflitos, resolveram negociar um novo tratado. Em que deveria estar presente os interesses de ambos os reinos no que toca a descoberta, exploração e colonização das novas terras.
Assim, no dia 7 de julho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha. O tratado estabeleceu que o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde. Que se encontra entre Cabo Verde que já pertencia a Portugal e entre as ilhas das Caraíbas, que tinham sido descobertas por Colombo. Assim as terras que estivessem a leste deste meridiano seriam de Portugal, enquanto as que estivessem a oeste seriam da Espanha. Este acordo defendia muito bem os interesses de Portugal, pois, presume-se que navegadores portugueses já teriam estado no que hoje conhecemos como o Brasil e que já tinham estado igualmente no Oceano Índico, contornando todo o Continente Africano pelo Sul. Passando desta forma o Cabo da Boa Esperança, que se na Cidade do Cabo na África do Sul. Espanha ficava assim, sem o Brasil, África e praticamente todas as terras no Oceano Índico. 
Algumas nações europeias ficaram muito insatisfeitos com este acordo.  Pois, muitas  também iniciavam as expansões marítimas e não concordavam com o facto desta divisão ser apenas entre Portugal e Espanha. Então estas nações por não estarem no tratado, alegaram que estavam livres para tomar posse de qualquer terra que fosse descoberta, estivesse ela do lado português ou espanhol. A França começou a organizar expedições marítimas  ao Brasil, deixando bem claro que não concordava com os termos do tratado e que não aceitava a sua legitimidade. Esta atitude obrigou Portugal a tomar medidas para colonizar rapidamente o Brasil.
No diz respeito ao tratado nenhum dos dois países o respeito na integra. Portugal, com o decorrer do tempo foi invadindo as terras que se encontrava para lá da linha imaginária que o tratado estabeleceu, ocupando algumas terras que seriam de Espanha. Que não se importou muito, pois, já tinham muitas outras novas terras recentemente descobertas. Começando a dar forma ao território brasileiro como o conhecemos hoje. Mas, o actual território brasileiro só ficou definido como o conhecemos hoje, após a independência de Portugal.
O Tratado de Tordesilhas só deixou de vigorar em 1750, com a assinatura do Tratado de Madrid, onde Portugal e Espanha estabeleceram novos limites de divisão territorial para suas colónias na América do Sul. Muito devido ao não cumprimento do Tratado de Tordesilhas.

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Conflito no Vietname: Parte II

Os Estados Unidos da América só viriam a entrar na guerra, em 1965 ao enviarem tropas para sustentar o governo do Vietname do Sul, que se mostrava incapaz de suster os avanços das guerrilhas do Vietname do Norte. Que se tinham juntado ao movimento de Libertação do Vietname (FNL). Os membros da FNL passaram a ser chamados de VietCongs, pelos Norte-Americanos e seus aliados. Este termo VietCong, surgiu com o propósito de desacreditar os guerrilheiros, aplicando-lhes assim, a alcunha de Vietnamitas Comunista, Este termo foi criado com a intenção de alertar a opinião pública, para o perigo do possível avanço do Comunismo, tendo assim apoio da opinião pública para entrar no conflito. Mas naquela região da Ásia, o efeito não era o mesmo, até porque, em muitos casos, os Comunistas, identificavam-se com movimentos nacionalistas que lutavam pela independência de povos submetidos ao domínio estrangeiro. Ao se dar conta do seu engano, Washington tentou retificar a situação, promovendo um concurso público nos Estados Unidos para escolha de outro nome. Oferecia-se um prêmio em dinheiro por um termo camponês, que implicasse algo repulsivo ou ridículo , porém o concurso não produziu o resultado desejado, e o termo VietCong continuou a ser usado, os membros da FLN nunca assumiram esse apelido que lhes foi conferido. 
Com a incapacidade demonstrada do Ditadura Ngo Ding-Diem, de por si só vencer os seus adversários. O Presidente Kennedy, enviou os primeiros conselheiros militares, que depois da sua morte em 1963, serão substituídos por combatentes, aumentando assim a escalada de guerra. Em setembro de 1964, houve o incidente do Golfo de Tonquim, em que, um navio Norte- Americano, em águas internacionais foi atacado pelos Norte-Vietnamitas quando patrulhava no Golfo de Tonquim. Assim os norte-americanos consideraram esse episódio como um acto de guerra contra eles, fazendo com que o Congresso aprovasse a Resolução do Golfo de Tonquim, que autorizou o Presidente L.Johnson a ampliar o envolvimento Americano na região. Mais tarde, provou-se que este incidente teria sido forjado pelo Pentágono para justificar a intervenção. 

Assim, houve finalmente uma intervenção militar dos Estados Unidos da América, em 1964, entrando diretamente no conflito, enviando soldados e armamentos de guerra, num território marcado por florestas tropicais fechadas e grande quantidade de chuvas. Os Norte-Vietnamitas utilizavam táticas de guerrilha, enquanto os Norte-Americanos utilizariam armamentos modernos, helicópteros e outros recursos. 
A 7 de Fevereiro de 1965 a aviação Norte-Americana, iniciou a sua ofensiva de bombardeamentos contínuos contra o Vietname do Norte, Washington acreditava na rendição dos Norte-Vietnamitas ao fim de seis semanas e assim, preservar a não influência Chinesa e Soviética na parte sul do Vietname. Para forçar os Norte-Vietnamitas a abandonar a luta, os Norte-Americanos lançaram 7 milhões de toneladas de bombas, utilizaram a guerra química ao pulverizarem 16 200 quilometros quadrados, com produtos esfoliantes para matar a vegetação, a vida rural ficou devastada e as cidades super povoadas. Mas, a Guerra continuava e os americanos não estavam satisfeitos com os acontecimentos, pois os guerrilheiros conseguiam tirar vantagem da geografia da Região. Não passando tudo de uma guerra convencional de guerrilha na região, usando as selvas do Vietname, preparando armadilhas mortais aos soldados inimigos, guerra essa, que nunca teve uma formação clássica nas linhas da frente e as operações aconteciam em zonas delimitadas, enquanto os Norte-Americanos usavam um grande poder de fogo, destruindo as bases inimigas e, impedindo as suas ofensivas. 
A 30 de janeiro de1968, houve um ataque em três fases lançado pelos Norte-Vietnamitas contra as forças Norte-Americanas e Sul-Vietnamitas, tendo ficado conhecida como Ofensiva de Tet, as operações recebem este nome por se iniciaram nas primeiras horas da manhã do Tết Nguyên Đán, o primeiro dia do ano no calendário lunar tradicional, usado no Vietname, e o feriado mais importante do país. O Vietname do Norte e o Vietname Sul, haviam anunciado nas rádios nacionais que haveria um cessar-fogo de dois dias durante a ocasião. Havendo a sensação, de que, as forças do Vietname do Norte estavam de certa forma controladas pelas forças Norte-Americanas muito devido a sua superioridade em blindados, aviões, helicópteros e sistemas de armas sofisticados, inclusive, os Norte-Americanos acreditavam que o conflito seria vencido a seu favor muito em breve.  
Por sua vez, a liderança política e militar Norte-Vietnamita, apostava que o ponto fraco dos Estados Unidos da América, seria a sua frente interna, ou seja, a opinião pública. Para tentar aproveitar esse facto, foi convocada em Hanói, em julho de 1967, uma reunião cujo objectivo seria traçar uma estratégia que retomasse a iniciativa do conflito para o Vietname do Norte. O resultado desta reunião, ficou claro no ano seguinte, quando surpreendentemente as forças Norte-Americanas foram confrontadas pela Ofensiva de Tet. O ataque deveria ser o mais amplo possível. A nível militar esperava-se que, Exército do Vietname do Sul, entrasse em colapso, quando os Norte-Americanos vissem subir de forma acentuada as suas baixas em combate, aumentando simultaneamente a oposição anti-guerra nos Estados Unidos da América. Embora os Norte-Vietnamitas tenham sofrido um elevado preço em vidas, atingiu plenamente os seu objetivos, que seria de ordem moral, na medida em que, humilhou as forças armadas dos Estados Unidos da América, deixando claro que embora fosse a maior potência militar do Mundo não conseguiriam vencer a guerra contra os Norte-Vietnamitas. Este Ataque, ficando conhecido como a Ofensiva de Tet e a participação crescente dos Estados Unidos da América na Guerra e a brutalidade e inutilidade dos bombardeios aéreos, e esta Guerra teve uma grande cobertura diária por parte dos meios de comunicação, a guerra levou a uma forte oposição e divisão da sociedade Norte-Americana, fez com que surgisse na América um forte movimento contra a guerra. 
Apesar de seu imenso poder militar e econômico, os Norte-Americanos falharam os seus objetivos. Sem apoio popular e com derrotas sucessivas, o Governo Norte-Americano aceita o Acordo de Paris, um acordo de Paz, assinado em Paris em 1973, que previa o cessar-fogo, causando a retirada das tropas do país do conflito, Em 1975. Assim os Norte-Americanos retiraram as suas tropas do Vietname e trocando prisioneiros de Guerras. 
A Guerra prosseguiu com a luta entre o Norte e o Sul do Vietname dividido, terminando em abril de 1975, com a invasão e ocupação comunista de Saigon, então a capital do Vietname do Sul e a rendição total do exército sul-vietnamita. Os líderes Norte-Vietnamitas esperavam, poder usar o cessar-fogo em proveito próprio, mas Saigon a Capital do Vietname do Sul, tinha imensas armas e equipamentos deixados pelos Norte-Americanos pouco antes das tréguas entrarem em vigor, consequentemente começaram a empurrar os Norte-Vietnamitas para o Norte. 
A 10 de março de 1975, as forças Norte-Vietnamitas iniciaram uma ofensiva através do interior do Vietname, levando-os a capturar 100 mil soldados do Vietname do Sul, ficando a controlar metade do país. Com a metade do Sul, nas suas mãos, as tropas receberam ordens para lançarem a ofensiva final contra Saigon. No fim de abril, o Exército Sul-Vietname entrou em colapso.
A 2 de julho d 1976, o Vietname reunificou-se, sob o regime comunista, aliado da União Soviética, passando a chamar-se República Socialista do Vietname., a Guerra do Vietname como já foi dito, é considerado um dos conflitos mais violentos do século XX. Foi nesta guerra que os helicópteros foram usados pela primeira vez. Houve inúmeras consequências da guerra, directa e indirectamente.
Os s Estados Unidos saíram moralmente derrotados, tendo a sua a primeira derrota militar da história. As suas instituições, como a CIA ou o Pentágono, foram duramente criticadas e um dos seus Presidentes, Richard Nixon, foi obrigado a renunciar ao cargo de Presidente em 1974, depois do escândalo de Watergate.Tendo a Guerra do Vietname resultada no maior confrontação armada, em que, o país já se teria envolvido, e a derrota provocou aquilo a que chamaram de o Síndrome do Vietname, nos seus cidadãos e na sua sociedade, causando profundos reflexos na sua cultura, na indústria cinematográfica e uma grande mudança na sua política externa, até à eleição de Ronald Reagan, em 1980. No ano de 1982, inaugurou-se o Monumento aos Veteranos do Vietname, é uma obra edificada na cidade de Washington-DC, durante o governo de Ronald Reagan. Num muro de mármore negro estão gravados todos os nomes dos mais de 50 mil soldados Norte-Americanos mortos na Guerra, para que sejam lembrados pela posteridade. Os nomes dos cerca de 4 milhões de Vietnamitas, civis e militares, na sua maioria camponeses, mortos no conflito, permanecem no anonimato.


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domingo, 16 de fevereiro de 2020

Conflito no Vietname: Parte I

Hoje, vim escrever-vos sobre o conflito armado sucedido em dois períodos distintos, o primeiro entre os anos 1946 a 1954 e, o segundo entre os anos 1955 a 1975, no Vietname, tentando perceber porque se sucedeu, os países envolvidos e as suas consequências, conflito esse, tendo influenciado de certa forma a Política Mundial, pois, enquadra-se no contexto histórico da Guerra Fria. A Guerra do Vietname, enquadrando-se no contexto histórico da Guerra Fria, entre União Soviética e Estados Unidos da América, foi o mais longo conflito militar que ocorreu, depois da II Guerra Mundial, tendo-se estendido em dois períodos distintos.

No primeiro deles, as forças nacionalistas vietnamitas, sob orientação do Viet-minh (a liga vietnamita, criada por Ho Chi Minh, para a Independência do Vietname, ligada ao Partido Comunista), para lutar contra os colonialistas franceses, entre os anos de 1946 a 1954, pois, o Vietname era uma colónia francesa e no final da Guerra da Indochina, sendo a Indochina, uma região assim chamada por ser uma zona intermediária entre a Índia e a China, ocupando uma península do sudoeste asiático e está dividida entre o Vietname, o Laos e o Camboja.

Toda essa região era do domínio colonialista francês, assim ficando, até à ocupação japonesa, entre os anos de 1941 a 1945, mas em 1945, com a derrota do Japão, os franceses tentaram recolonizar toda a Indochina. A liga vietnamita comandada por Ho Chi Minh, possuindo apoio e orientação Comunista da União Soviética, lutou contra o colonialismo francês entre 1946 a 1954, com o fim do primeiro conflito, pois com derrota da França na batalha de Diem Biem Phu, em 1954, quando as forças do Viet-minh, conseguiram a rendição dos franceses. Depois de 8 anos, encerrou-se assim a primeira Guerra da Indochina, em Genebra, na Suíça, houve uma Conferência, tendo ficado conhecida como a Conferência de Genebra, convocada para negociar a paz, onde os franceses acertaram com os vietnamitas um acordo que previa, que, o Vietname fosse momentaneamente dividido em duas partes, a partir do paralelo 17, no Norte, sob o controlo de Ho Chi Minh e no Sul sob o domínio do imperador Bao Dai, um títere dos franceses, ficando acordado entre ambas as partes uma Zona Desmilitarizada, em 1956, sob supervisão internacional, seriam realizadas eleições livres para unificar o país, nessa conferência, reconheceu-se igualmente a Independência do Camboja e Laos.

A divisão esteve acertada até as eleições para a unificação do país. Os Estados Unidos presentes no encontro não assinaram o acordo. Em 1955, Ngo Ding-Diem liderou um golpe militar, tornando-se ditador, cancelou as eleições, proclamou a Independência do Sul, conseguiu o apoio dos Estados Unidos da América, pois, estavam convencidos de que os nacionalistas e comunistas de Ho Chi Minh, ganhariam as eleições, o que para os interesses Norte-Americanos não seria bom, pois, se os comunistas ganhassem, acabariam por influenciar outros Países a tornarem-se Comunistas. Assim, o Vietname foi dividido em dois países. O Vietname do Norte, comandado por Ho Chi Minh, de orientação Comunista, e o Vietname do Sul, uma ditadura militar que, passou a ser aliado dos Estados Unidos e por esse motivo, ficando com um sistema capitalista, governado por Ngo Dinh-Diem. No segundo período, a Guerra do Vietname, ocorreu no Sudeste Asiático entre os anos de 1959 a 1975, é considerado o conflito mais violento da segunda metade do século XX, tendo durado quase 20 anos, em que, as batalhas ocorreram nos territórios do Vietname do Norte, Vietname do Sul, Laos e Camboja. Colocando em confronto, o Vietname do Sul, os Estados Unidos da América, com participação efectiva, porém secundária, da Coreia do Sul, da Austrália e Nova Zelândia, Contra o Vietname do Norte, recebendo este, apoio logístico, mas sem se envolveram efectivamente no conflito, por parte da China, da Coreia do Norte e principalmente da União Soviética.

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