Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel, em italiano, Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, nasceu na Cidade Italiana de Florença a 3 de maio de 1469 e morreu igualmente na mesma cidade a 21 de junho de 1527. Foi um Historiador, Poeta. Diplomata, Filósofo e Músico Renascentista. Conhecido por de certa forma ser o fundador do pensamento Político moderno, pelo facto de ter escrito sobre o Estado e o governo, como realmente são e não como deveriam ser, tendo contribuído assim, para o surgimento da Ciência Política, enquanto ciência de estudo. Com 29 anos de idade, ingressou na vida política, exercendo o cargo de secretário da Segunda Chancelaria da República de Florença. Porém, com a restauração da família Médici ao poder, Maquiavel foi afastado da vida pública. Nesta época, passou a dedicar seu tempo e conhecimentos para a produção de obras de análise política e social.
Para se entender melhor a sua obra e as suas ideias, precisamos de saber que a sua importância no estudo da Política está na forma como separou a ética e a política, abandonando as concepções tradicionais herdadas dos gregos, pois, a tradição ocidental, exactamente como a tradição chinesa, ligava tanto a ciência como a actividade política à ética. Aristóteles tinha resumido esta posição quando definiu a política como uma mera extensão da ética. A tradição ocidental, via a política em termos claros, de certo e errado, justo e injusto, correcto e incorrecto, e assim por diante. Por isso, os termos morais usados para avaliar as acções humanas eram os termos empregues para avaliar as acções políticas. Na verdade, o que Maquiavel fez foi estudar a Política baseado em factos, e não em ideias preconcebidas sobre o que seria uma forma de Política ideal. Desta forma, observamos na sua obra algumas ideias mais práticas, partindo “das condições nas quais se vive e não das condições segundo as quais se deve viver”. Estes novos conceitos por si utilizados, originou inclusive, o aparecimento de novos conceitos e ideias nos intelectuais da época, sempre habituados aos velhos ideais da Grécia antiga. Com os seus novos conceitos sobre a política e a forma de agir, Maquiavel destrui pretensões morais e religiosas. Podendo-se assim dizer que, Maquiavel foi o primeiro a discutir a Política e os fenómenos Sociais nos seus próprios termos sem recurso à ética ou à jurisprudência. Sendo o primeiro pensador ocidental de relevo a aplicar o método científico de Aristóteles e de Averróis à Política. Fê-lo observando os fenómenos políticos, e lendo tudo o que se tinha escrito sobre o assunto, e descrevendo os sistemas políticos nos seus próprios termos. Para Maquiavel, a política era uma única coisa, conquistar e manter o poder ou a autoridade. Tudo o resto com a religião ou a moral, que era associado à Política, nada tinha haver com este aspecto, excepto nos casos em que a moral e a religião ajudassem à conquista e à manutenção do poder.
No ano de 1513, escreveu a sua obra mais importante e famosa, O Príncipe. Nesta obra, Maquiavel aconselha os governantes como governar e manter o poder absoluto, mesmo que tenha que usar a força militar e fazer inimigos. Esta obra, que tentava resgatar o sentimento cívico do povo italiano, situava-se dentro do contexto do ideal de unificação italiana. Essa obra seria, na verdade, quase um manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas igualmente novas conquistas. Nas suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre os seus actos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e fracassos de vários reis para ilustrar os seus conselhos e opiniões. Produzindo esta obra com vista à questão da legitimidade e exercício do poder pelo governante, pelo príncipe. A legitimação do poder seria algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom Rei ou bom Príncipe, ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Defendendo a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo. Tentando com as suas considerações e recomendações para os governantes fossem uteis para melhor administrarem os governos, caracterizam assim, uma teoria do Estado moderno. A obra está dividida em 26 capítulos, apresentando o início os tipos de principado existentes e expõe as características de cada um deles. Depois, defende a necessidade do príncipe basear as suas forças em exércitos próprios, não em mercenários e, após tratar do governo propriamente dito e dos motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos, conclui a obra sugerindo que um novo príncipe conquiste e liberte a Itália. Em suma, segundo Nicolau Maquiavel, um individuo quando sobe ao poder tem de ser cruel, pois, as pessoas irão virar-se contra ele com facilidade, a única coisa a fazer é ser forte e, predominar sobre todos, utilizando todos os meios possíveis para permanecer no poder, em que, as falhas do ser humano são erros e não pecados, cortando com a moral, não avaliando assim, a politica pela moral, mas sim pela táctica. É o primeiro a usar o conceito de estado, defendendo que, um Estado tem de ser forte, como sendo um Estado Nacional, queria um estado centralizado e, descurava a monarquia, criticando dessa forma Luís XII, dependendo o Estado da virtude dos cidadãos e, do príncipe, um individuo pode ter virtude, designando por virtude, tudo o que se insere no campo da acção humana consciente, como competência, o talento ou a energia, a sorte sobrepõem-se a todos, mesmo aos virtuosos, mas, a fortuna pode estragar tudo, entendendo fortuna, como tudo o que pertence à necessidade natural e, não pode ser conhecido ou predeterminado, dizendo que, fortuna é inconstante, pode ser negativa ou positiva, pode ser desleal ou leal, pois, é mais seguro ser temido, do que ser amado, contudo não odiado. Com base nesta Obra Nicolau Maquiavel é considerado, o Pai da moderna Teoria Política.
Em função das ideias defendidas no livro, O Príncipe, surge o termo maquiavélico, o termo “maquiavélico” passou a ser usado para aquelas pessoas que praticam actos desleais, até mesmo violentos, para obter vantagens, manipulando as pessoas. Este termo é injustamente atribuído a Maquiavel, pois este sempre defendeu a ética na política. Quando ouvimos dizer que certa pessoa é maquiavélica, deduzimos que o indivíduo referido não mede as consequências para conseguir atingir os seus objetivos. Este facto tem origem no adjetivo em questão, criado a partir do seu nome, Nicolau Maquiavel, significando esperteza, astúcia, aleivosia, maldade.
Nicolau Maquiavel defende a forma de Governo Republicana com uma constituição mista, de acordo com o modelo da República de Roma Antiga. Defende também a necessidade de uma cultura política sem corrupção, pautada por princípios morais e éticos. Mas, acreditava que somente a força de um líder especial poderia criar o um Estado Italiano forte como imaginara. Algum tempo depois, na Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleônicas, com a Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos que surgiam na Europa, gerou uma visão de Maquiavel como nacionalista, disposto a tudo pela união e defesa da Itália, como demonstrado no último capítulo do livro O Príncipe.
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